Compositor: Marlon Chagas Santos
Eu falei primeiro, com calma e clareza
Pesando cada palavra, de coração aberto
Me olharam torto, viraram a cara
Exagero, eles disseram, está sendo dramático
Então veio ele, dissimulado
Repetindo meus protestos só que de forma enfeitada
E vocês o aplaudiram como se aquilo fosse inédito
Como se fosse ouro, tomando como fato
E eu sangrei naquela mesa
Com a faca da dúvida cravada fundo em mim
Vendo todos vocês rindo e brindando
Sobre o discurso que eu dei, mas que não veio de mim
É a mesma frase!
As mesmas palavras, a mesma entonação
Mas da sua boca, soava arrebatador
E eu? Eu sou só um descontente
Um ecoar silenciado por mentes já influenciadas
Eu falei com aflição, vocês debocharam
Eu falei com afeto, e chamaram de drama
Agora eu ouço minhas ideias na voz dele
E vocês seguindo isso tal como um mantra
Tudo aquilo que eu disse, cuspido e escarrado
Replicado pomposamente, de uma fonte ilegítima
O que eu faço com este nó na garganta?
Com o gosto amargo por ser ignorado?
É a mesma frase!
As mesmas palavras, a mesma entonação
Mas da sua boca, tornou-se concreto
E eu? Sou apenas mais um que esperneia
Sobre um palco mudo sem nunca ter resposta
São as feições? A forma que eu falo?
Ou só o medo de me ver pensando?
Quando ele fala, chamam de sabedoria
Quando sou eu, é histeria
É a mesma frase!
Mas ele é o herói, e eu o estorvo
Ele é o ponderado, e eu o incômodo
Dissemos o mesmo, como um espelho
Mas eu não passo do seu reflexo quebrado
É a mesma frase
Mas da minha boca, nunca será o suficiente