Compositor: Marlon Chagas Santos
Já fui chamado de grande
Não por meu tamanho, mas por meu coração
Carreguei nos ombros o fardo dos outros
Chorei desvergonhado, até desmoronei
Encontrei dois irmãos sem vínculos sanguíneos
Mas com laços mais fortes que o aço
Nós rimos, nós caímos e nos reerguemos
Três almas unidas por algo real
Mas o tempo nunca pergunta antes de mudar
Ele simplesmente passa e nos mantém em silêncio
Agora sou somente o eco de quem eu fui
Um estranho para aqueles a quem já fui abrigo
Afeição seca pelo calor da rotina
E a coragem me abandou quando fiquei só
Eu me tornei um espelho quebrado de mim mesmo
Um reflexo borrado esperando numa prateleira
Me escondi em um emprego fim de carreira
Com sorrisos pintados no chão
A cilada da falsa estabilidade
Me trancou atrás de uma porta silenciosa
Eu não sei se eu já desisti
Ou se apenas me tornei alguém que não conheço
Mas as noites sussurram suavemente
Pedindo-me para não me entregar
E o tempo não dá sobreavisos
Ele simplesmente acontece, e aprendemos a lidar com isso
Agora sou somente o eco de quem eu fui
Um estranho para aqueles a quem já fui abrigo
Afeição seca pelo calor da rotina
E a coragem me abandou quando fiquei só
Eu me tornei um espelho quebrado de mim mesmo
Um reflexo borrado esperando numa prateleira
Talvez um dia, de um tranquilo outono
Eu me olharei com a mesma ternura
E verei nas rachaduras da minha alma
Que a luz ainda jaz na superfície
Ser de novo o homem que eu costumava ser
Ou quem sabe alguém ainda mais forte
Encontrar aquele caloroso tempo bom
E segurar o que importa por mais tempo
Talvez este reflexo cansado que me encara
Um dia se levante, e finalmente diga
Eu ainda vivo
Ainda sonho
Ainda aqui