Compositor: Marlon Chagas Santos
Eu caminhei por ruínas feitas de votos
Por juramentos quebrados e coroas estilhaçadas
Cada passo acende uma centelha adormecida
Um sopro de fogo na escuridão
Pensaram que o silêncio selou meu destino
Mas o silêncio apenas cultiva
Do solo calado e da chuva amarga
Uma nova resolução começa a inflamar
As cinzas abraçam quem eu era
Mas o calor ainda pulsa sob o pó
Uma raiva quieta, um início sagrado
O batimento de um coração despedaçado
Eu ardo, mas não para que vejam
Esse fogo é meu – e só meu
Sem trono a reclamar, sem correntes a romper
Apenas chamas que me cravam em pedra
Deixe que esqueçam, que o tempo se vá
Mas eu me erguerei, com meu coração incandescente
Enterrei lágrimas onde agora crescem raízes
E deixei as brasas brilharem calmamente
Nenhuma chama nasceu pra incendiar o céu
Ainda assim será o bastante para que testemunhem
Eu não perdoo, eu não esqueço
Mas ainda não sou forjada em vingança
O calor é lento, a chama é sábia
A resiliência de quem carrega muitas cicatrizes
Eu ardo, mas não para atrair atenção
Esse caminho tem luz interior
Sem grito de guerra, embora sem paz residual
Apenas cicatrizes onde o fogo reside
Sem coroa, sem espada, sem arte carmesim
Só eu e meu coração incandescente
Nem todo fogo ruge, alguns apenas esperam
Eu ardo, e a cada fôlego que eu tomo
Reescrevo a história que tentaram encerrar
A chama que temiam, não puderam destruir
Embora em repouso ascende
A escuridão pode fragmentar minha alma
Mas jamais apagará meu coração incandescente