Compositor: Marlon Chagas Santos
Certa vez caminhei por pálidos salões
Coberto em silêncio, vestido de luz
Mas os espelhos mentiam a cada sorriso
Enquanto punhais floresciam por trás da negação
Cada voto era adornado com linhas intrínsecas
Correntes douradas que me deixaram morto
Cantei seus hinos com o último fôlego—
Uma coroa de graça, uma morte disfarçada
Eles me abençoaram só pra me prender
Me exaltaram só para me cegar
E quando o véu começou a arder
A verdade foi certeira, e então aprendi
Eu caí diante do Sol
Antes da luz trair meu nome
Despedaçada por línguas de ouro e cinzas
Uma fênix afogada em vergonha
Nenhum anjo veio, nenhuma justiça foi feita—
Apenas o silêncio me observou correr
Quando eu caí diante do Sol
O que é a misericórdia, senão uma jaula
Pintada suavemente para mascarar a raiva?
Empunhei a espada, mas não a causa
Vossa sagrada ira quebrou todas as leis
Me descreveram em fábulas
Me acorrentaram às suas mesas
Mas o fogo discursa sob pó—
E nem toda ferida oxida
Eu caí diante do Sol
Onde a esperança se dissolveu em chamas
Coroaram minha queda como um rito sagrado
Mas nunca pronunciaram meu nome
Nenhuma testemunha restou, nenhuma bandeira tremulou—
Apenas cinzas em minha língua
Quando eu caí diante do Sol
Não chame isso de justiça
Não chame isso de destino
Isto foi omissão planejada
Eu caí diante do Sol
Mas lembro de cada cicatriz
Que as estrelas esqueçam meu rosto—
Mas não o fogo que fui
Nem a voz que foi calada
Quando eu caí diante do Sol